Síndico – Missão Difícil e Cruel

 

Em momentos de eleições, na hora da euforia, muitas promessas de apoio e de ajuda.

Mera ilusão. Passado o momento destas pequenas emoções o síndico tem em suas mãos um montão de problemas e muitas contas a pagar

 

Noites em claro… Medo, angústia e solidão, são momentos que acompanham o dia a dia de um síndico. Deita-se pensando nas contas do INSS e FGTS, pagamento de funcionários… Férias e décimo terceiro. Tem pesadelos com a conta d’água e de luz. Desespera-se com o problema do motor, bomba d’água. Circuitos na parte elétrica, sujeira das caixas d’água, infiltrações, brigas de vizinhos, barulhos. Têm severa preocupação com a segurança do prédio, com o acesso de pessoas estranhas.

 

Promessas – No café da manhã, no almoço, no jantar, na madrugada é sempre solicitado para escutar reclamações, de uma lâmpada que queimou, de uma Tv que está com o volume alto, de um cachorro que late, da água que faltou enfim, de coisas que acontecem no dia a dia de qualquer pessoa e que merecem um desconto. Nunca ninguém liga para desejar um bom dia, uma boa noite, para desejar feliz aniversário, feliz natal, feliz ano novo ou para dar apoio, aquele apoio prometido na hora das eleições.

 

A maioria esquece que o síndico é proprietário igual a todos, não é um empregado e que deve usufruir os mesmo direitos e deveres que os demais. Só que na prática isso não existe. É visto como mero solucionador de problemas tenha ou não suporte financeiro.

 

No seu lugar – Seria bom se cada morador se colocasse na posição do síndico e percebesse todas as cobranças e as dificuldades que enfrenta. Se os moradores tivessem consciência de que o síndico empresta o seu CPF para o condomínio e que responde civil e criminalmente, compreenderiam melhor toda a sua ansiedade quando chega o final do mês e não tem dinheiro para pagar as contas.

 

Em determinadas decisões que requer soluções imediatas, muitas vezes é severamente criticado, da mesma forma quando demora em outras, na busca de serviços mais em conta. É realmente muito cruel a missão do síndico, nunca satisfaz, por mais que tente, nunca satisfaz, tem sempre alguém que lhe jogar farpas, alguém a criticá-lo e achar que pelo fato de contribuir com uma taxa mensal, as coisas devam seguir com perfeição.

 

Uma vez ouvi um amigo dizer que o síndico tem muitas alegrias: uma, quando eleito e outra, quando deixa o condomínio. Quando eleito porque em sua ingênua percepção acha que vai conseguir dar uma virada e consertar todos os erros e absurdos do condomínio, quando deixa, porque só assim, poderá dormir, acordar, viajar e fazer as suas refeições com um pouco mais de paz.

*síndica

 

Por Cecília Lima

 

“Perdão” dos devedores pode ser armadilha para síndicos

 

Além de saber lidar com as questões referentes à manutenção predial e às relações entre os condôminos, administrar as finanças do condomínio pode se tornar a parte mais difícil do exercício da sindicância. Isso porque, na maioria das vezes, a receita do condomínio advém exclusivamente das taxas pagas pelos ocupantes e, quando alguém deixa de honrar seu compromisso, os demais são penalizados

 

De acordo com órgãos de serviço de proteção ao crédito como o SPC Brasil e o Serasa, nos últimos meses os índices de inadimplência no país aumentaram significativamente. Devido à crise econômica no país, muitas pessoas, na hora de priorizar seus pagamentos, acabam por deixar a taxa condominial em segundo plano, visto que essa geralmente cobra juros menores que outras dívidas.

 

Cuidado! – Com o intuito de amenizar o caos financeiro do condomínio, muitos síndicos buscam a negociação com os inadimplentes, visando à quitação dos débitos e, para isso, oferecem algumas vantagens como parcelamento, cancelamento de multas e até descontos. Embora essa seja uma iniciativa de intenção positiva, é necessário proceder com muita cautela, uma vez que o perdão ou amortecimento da dívida significa tratar com benevolência um condômino que não estava honrando seus compromissos, sobrecarregando os demais.

 

Para o engenheiro Marco Antônio Braga, morador de um residencial na cidade do Recife (PE), essa não é uma conduta justa. “Em 2014, a nossa associação de moradores acionou um ex-síndico na Justiça depois que ele simplesmente perdoou a quase totalidade da dívida de quatro devedores contumazes do nosso condomínio. Eles pagaram cerca de 30% dos débitos para se regularizarem, praticamente nada. Se eles deixam de pagar e continuam a usufruir dos benefícios, então é porque alguém que cumpre com suas responsabilidades está pagando por dois”, comenta.

 

No ano passado, o juiz da 4ª Vara Cível de Taguatinga, no processo nº 2014.07.1.042284, condenou um síndico e seu subsíndico a pagarem solidariamente a quantia de R$ 3.300,43 ao condomínio. Isso em reparação de danos porque, dentre outras atitudes, excluíram juros e multa de um condômino em atraso.

 

Negociação – Para o advogado Júnior Messias, a negociação das dívidas é uma estratégia interessante para sanear as finanças do condomínio. “O parcelamento é uma opção que facilita a vida do inadimplente e faz o caixa do condomínio aumentar as receitas, ainda que seja em um longo prazo”, afirma.

 

Messias faz uma ressalva: “no entanto, cláusulas que resultam em perda de receita como amortecimento de multas por atraso ou mesmo o perdão parcial dos débitos são decisões sérias as quais o síndico só deve tomar após consultar os demais condôminos. Tudo isso sendo obviamente registrado em assembleia. Caso contrário, o perdão pode ser interpretado como favorecimento e o síndico, responsabilizado e chamado a pagar os dividendos dos quais abriu mão”, orienta o advogado.

 

*Jornalista

Condomínios treinam porteiros contra arrastão

A violência contra condomínios é uma realidade verificada em todo o Brasil atualmente. Cercas elétricas, circuito de câmeras, alarmes e outros dispositivos tecnológicos já não são suficientes para intimidar os bandidos e os arrastões a prédios são cada vez mais comuns. Em face desse contexto, muitos condomínios estão buscando, além da tecnologia, o aperfeiçoamento da mão de obra

 

Assaltos a edifícios no Umarizal, bairro de Belém (PA) viraram rotina. No início do ano um empresário de 36 anos foi morto a tiros dentro do próprio condomínio durante a fuga de um assaltante. O caso chocou a população, mas não impediu que, ao longo deste ano, várias outras invasões contra condomínios fossem registradas.

 

Estatística – Esse cenário de criminalidade, entretanto, não é exclusividade da capital paraense, pois se repete em diversas cidades brasileiras deixando traumas nas vítimas. Um levantamento do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi-Rio) constatou que, em 90% dos casos, criminosos entram pela porta da frente, se fazendo passar por moradores ou disfarçados de entregadores e prestadores de serviço. Em 2014, foram registrados 1.305 crimes deste tipo no Rio de Janeiro.

 

Os disfarces de carteiro, entregador de comida, técnico de manutenção de telefonia ou televisão, funcionários da companhia de esgoto ou eletricidade são comuns. Outra forma que os bandidos encontram para acessar o condomínio é pelo portão da garagem. Muitos moradores têm o mau hábito de não fechar o portão ou demorar para fechar. Essa falha muitas vezes é o espaço que o assaltante espera para entrar no edifício e cometer crimes.

 

Treinamento – É fato que a criminalidade urbana é crescente e está cada vez mais próxima dos condomínios. Contudo, muitos roubos poderiam ser evitados com a adoção de medidas simples por moradores e funcionários. É por esse motivo que condomínios estão buscando treinar seus funcionários, especialmente porteiros, para agir na ameaça de assaltos.

 

O Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) de vários estados são algumas das instituições que ofertam cursos voltados para profissionais de portaria. No curso o participante irá aprender sobre os cuidados com o patrimônio das empresas/condomínios; como controlar o fluxo de pessoas; como recepcionar e orientar pessoas; como receber e distribuir correspondências, materiais e equipamentos de forma segura.

 

De acordo com Raimundo Castro, especialista em segurança patrimonial do Secovi-Rio, o bom preparo dos funcionários do condomínio é fundamental para que os instrumentos de segurança sejam usados adequadamente e também para filtrar o acesso. “A segurança é baseada em um tripé: tecnologia, funcionários treinados e instalações adequadas. É uma corrente que arrebenta onde o elo é mais fraco. Geralmente, a falha é humana”, afirma.